A comunidade astronômica ainda repercute o anúncio feito há uma semana de uma realização sem precedentes na história da astronomia observacional. A colisão entre duas estrelas de nêutrons na galáxia NGC 4993 no dia 17 de agosto de 2017, na constelação de Hidra, foi detectada através da emissão de ondas gravitacionais e raios gama e em seguida observada ao longo de todo o espectro eletromagnético, inclusive em luz visível, marcando a primeira observação do correspondente óptico de uma fonte de ondas gravitacionais.
As quatro detecções de ondas gravitacionais realizadas até então, correspondiam a colisões de buracos negros. Eventos violentos e energéticos, mas que não emitem luz visível ou qualquer outro comprimento de onda de radiação eletromagnética.
A observação confirma estes eventos como a origem das poderosas explosões de raios gamas (Gamma Ray Bursts - GRBs). Permitiu também identificar a presença de ouro, platina e outros elementos químicos pesados originados na explosão resultante da colisão, confirmando as previsões teóricas que apontavam indicavam este tipo de explosão como origem destes elementos.
LUA - nosso satélite natural inicia a semana como um crescente delgado após o por do Sol. Na noite de 24/10, 24% de sua face visível estará iluminada. A condição é ótima para observação do relevo lunar, com sombras revelando crateras, montanhas e vales.
SATURNO permanece visível no início das noites de Outubro. Os satélites Dione, Thetis, Encélado, Réia e Titan são fácilmente percebidos em telescópios refletores com 20cm ou mais de abertura. Titã, a maior lua de Saturno, com pouco mais de 5000km de raio, é maior que o planeta Mercúrio (com 4880 km de raio). Titã foi estudado em detalhes pela missão espacial Cassini em sucessivas passagens pelo satélite entre 2015 e 2017 e pela sonda Huygens, que mergulhou em sua atmosfera e pousou com sucesso em sua superfície em 14 de Janeiro de 2005. Os dados da missão conjunta Cassini-Huygens revelaram a complexidade da superfície sob as nuvens de Titã: rios de hidrocarbonetos, lagos de metano e dunas equatoriais de gelo compõem a paisagem que suas nuvens até então ocultavam de observadores terrestres.
CÉU PROFUNDO - O fino crescente da Lua na primeira metade da noite favorece a observação de objetos difusos como aglomerados estelares, nebulosas e galáxias.
Ao alcance de pequenos telescópios estão a nebulosa planetária M 57, os aglomerados globulares 47 Tucanae e M 15 e - a Oeste, no início da noite - uma dezena de objetos na direção da região central da Via Láctea nas constelações de Escorpião e Sagitário, incluindo nebulosas, aglomerados abertos e aglomerados globulares.
Visível na constelação de Lira, a nebulosa planetária M 57 (Nebulosa do Anel) é uma imagem impressionante e amplamente conhecida. Apesar do nome, a nebulosa não tem qualquer relação com planetas. A bolha de gás visível como um tênue anel é na verdade formada pela expansão das camadas externas de uma estrela no final de sua vida. A radiação ultravioleta emitida pela estrela central quente ioniza o gás, levando-o a emitir luz no espectro visível. Apesar da imagem vista na ocular dos telescópios de menor porte ficar distante das cores e estrutura registradas em imagens capturadas por sensores acoplados a grandes telescópios terrestres ou pelo telescópio espacial Hubble, a visão deste fóssil estelar localizado a 2000 anos-luz de distância não deixa de impressionar.
Entre os objetos visíveis durante a semana, destaca-se também 47 Tucanae (NGC 104), um dos mais belos aglomerados globulares em todo o céu. Aglomerados Globulares são agrupamentos muito antigos de estrelas - com idade na casa dos 13 bilhões de anos, formados a partir de gigantescas nuvens de gás disponíveis nos primórdios do universo. Abrigam entre dezenas de milhares e alguns milhões de estrelas, unidas gravitacionalmente e distribuídas numa simetria aproximadamente esférica. Há cerca de 150 aglomerados globulares conhecidos orbitando a Via Láctea.
Localizado a 15000 anos-luz de distância, 47 Tucanae é visível a olho nu como um ponto difuso na direção da Pequena Nuvem de Magalhães (uma das galáxias satélites da Via Láctea) mas ao telescópio revela-se como um verdadeiro enxame de estrelas.
O Observatório do IAE abre todas as terças-feiras das 19h30 às 21h30 e as observações acontecem somente em caso de bom tempo. Mais informações pelo email Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou pelo telefone (012) 3947-5246.